O mundo da alta-costura parisiense está desconsolado. Uma das estrelas da criação, o estilista John Galliano, protagonizou o maior vexame fashion da história. Daqueles que paparazzi nenhum pode ser culpado de estar invadindo a privacidade de ninguém. As acusações de racismo e antissemitismo contra Galliano foram filmadas por uma câmera de celular e ele disse para quem quis ouvir num bar em Paris, do qual já é habitue.
O vídeo foi publicado pelo jornal inglês The Sun, caiu na net, e está lá para quem quiser ver e ouvir o estilista inglês, visivelmente bêbado anunciando em inglês: “Eu amo Hitler”. Galliano estava sentado na mesa dele, e era provocado por um grupo de mulheres – dá pra ouvi-las no vídeo – que achavam graça do que ele dizia.
Galliano está em maus lençóis. Não há segundas ou terceiras interpretações. Depois da declaração de amor ao pior ditador da história mundial, ele completa: “Pessoas como vocês deveriam estar mortas. Suas mães, seus antepassados, todos deveriam ter sido intoxicados”. Nesse momento a coisa perde a graça, a risada femininas continuam no vídeo, e o designe ainda arruma um bocado de palavrões para mandar o grupo embora do bar.
O acontecimento foi ainda mais infeliz, porque na semana anterior Galliano foi levado preso do mesmo restaurante por ter feito insultos de mesma origem a um casal, “de carácter antissemita”, disseram fontes policiais. O estilista foi libertado pouco depois “por ordem da promotoria”.
Os episódios não poderiam ter acontecido em pior momento. Estamos em plena semana de moda parisiense. John Galliano é o estilista da maison francesa Dior e ainda desfila uma colecção que leva seu próprio nome.
A tradicional Dior tratou de demiti-lo. A grife manteve o desfile na última sexta (4), mas até o fechamento desta edição da coluna não sabemos se o desfile de Galliano, marcado para hoje, vai acontecer normalmente.
O que a moda perde
Além do desmoronamento do ídolo, a moda mundial perde mais uma de suas casquinhas de glamour. Aqueles desfiles magníficos que se vêem, podem esconder por trás da boca de cena uma realidade nada deslumbrante. Muitas vezes as modelos são tratadas mal pelos organizadores, tem estilista que diz que modelo é gorda e feia na cara da menina magrinha e linda. Grande criador, que a mídia adora dar destaque, gritar com camareira.
Logo a moda que tem a essência do belo, do democrático, onde a multiculturalidade é tão presente que transitam pensamentos mais modernos, avançados. Damos de cara não com uma cena bizarra de modelo consumindo drogas, ou de acusações de apologia ao não uso do protector solar, mas um preconceito que na França é crime. E em qualquer lugar do mundo é ofensa de baixo nível.
O futuro da Dior
Os rumos da Dior estão sendo especulados. Fala-se na contratação de Ricardo Tisci, actual estilista da Givenchy, grife antes desenhada por Galliano. E antes de definir um nome e fechar um contrato a Dior tem muito o que lamentar. Foi Galliano que elevou a grife no mercado num período de grande crise atravessado pela maison francesa. Conseguir um substituto à altura, em criatividade, não vai ser fácil.
dando certo...
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